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quarta-feira, 23 de março de 2011

O Leão Artur



Uma saudação muito especial a um homem que é um ícone em Portugal nas mais diversas áreas.

Jamais me esquecerei do seu papel como motorista de Anastácio (António Silva) num dos meus filmes preferidos de sempre: O Leão da Estrela.

Perdeu-se um grande homem cuja primeira imagem que recordo ao pensar em si é aquele sorriso enorme e contagiante tal como o seu talento que gravou com tinta de ouro na literatura, na representação, na televisão mas, sobretudo, na rádio e na imprensa escrita.

Dizemos adeus, também, a um grande sportinguista que relatou o golo de João Morais que deu a Taça das Taças ao Sporting em 1964.

Um até já, Artur.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Quando o Feio é Bonito, Nunca Morre.


Morreu o António Feio.

Fica a vida, Bonita, do artista.
Do Homem.


Fica, como sempre, a puta da Saudade.


p.s.: jamais esquecerei o espectáculo dado por ele, juntamente com o José Pedro Gomes, no Barreiro. Fica para a (minha) história.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Imagine

A história é simples e resume-se a uma espécie de Morangos Com Açúcar com pequenas diferenças: tem qualidade, os actores sabem representar e, a juntar a isso, cantam com qualidade.

Falo-vos da série norte-americana Glee, em exibição na Fox Life.

A cena que aqui apresento é apenas mais uma entre as dezenas de fantásticas que podia escolher (basta verem no Youtube a versão Glee de "Dancing With Myself", "Rehab", "Sweet Caroline" ou "Halo/Walking on Sunshine").

Mas esta em particular deixou-me encantado com a beleza, a profundidade e o significado que os jovens do coro puseram nesta versão da música de John Lennon "Imagine".

Três escolas estão a preparar-se para competir num concurso de coros e todas elas têm particularidades:
- A primeira escola é composta por raparigas com problemas sociais e disfarçam o facto de dançarem menos bem com os movimentos corporais que põem nas suas coreografias;
- A segunda escola, o coro Glee, percebe que pode perder o concurso para estas raparigas e cria um espírito de competitividade que levará o Professor Will a abdicar dos seus próprios príncipios para levar os seus alunos à vitória;
- E é aí que entra em acção a terceira escola: uma escola de surdos que interpreta "Imagine".

Quando o coro de surdos começa a cantar, um sentimento de vergonha invade o Professor Will e os seus alunos por se preocuparem tanto com a vitória quando aqueles míudos apenas querem participar.
Pena que nesta versão que encontrei a voz do surdo que canta fique abafada a certa altura porque no episódio da série ouvia-se perfeitamente e estava ainda mais profundo.

O que se gera a partir daí é apenas filme e as suas fantasias que, obviamente, também fazem parte. Mas fica a mensagem.

E é curioso ver que os três jovens que começam por cantar esta música são um surdo negro, uma negra obesa e um paralítico branco. "You May Say I'm a Dreamer... But I'm Not The Only One"!


Há disto na Morangada ou resumem-se a ir buscar "actores" às agências de modelos?!...

sábado, 23 de janeiro de 2010

É Bruno Aleixo No Sumo de Kiwi!


Esta personagem criada pelo GANA deve ser a coisa mais idiota e mais fascinante que já me apareceu na vida.

Já ninguém, à excepção do meu irmão, me pode ouvir falar no Bruno Aleixo. Ou Bruno Alheixo, como diria o próprio.

Para quem não conhece, Aleixo é um Ewok (personagem do Star Wars) na sua infância mas mais tarde devido à perseguição dos Ninjas transforma um pouco o seu visual e fica com a aparência do que seria o cruzamento entre um Urso e um Cão.

Aleixo, com o seu sotaque muito particular, representa o que, ao fim ao cabo, todos os portugueses são: um fura vidas sempre com um estratagema para enganar o próximo.

Tem vários amigos dos quais, na sua infância, podemos destacar o seu irmão Toninho, o Ramiro, o Constantino, o Vasco ou o Rui Manuel. No entanto, apenas o Rui Manuel continuará seu amigo no futuro mas sucede que será chamado de Ribeiro, um médico que tem uma doença que o faz ser invisível. Há ainda o Busto (uma representação do busto de Napoleão Bonaparte), o Primo do Busto (Beethoven em gesso), o Nélson (porteiro do prédio do Bruno), o Renato (estudante com um ar de retardado assombroso), o Aires (dono do café onde o Bruno joga à sueca) e o Homem do Bussaco que vive sozinho na montanha. Mantém um relacionamento próximo com a sua família no Brasil e com o dono da pensão onde fica instalado nas suas viagens transatlânticas: o Seu Jaca.

Podemos ver vários sketches do Aleixo pois ele tem várias rúbricas desde "Aleixo na Escola" (a melhor de todas), "Aleixo no Hospital", "Aleixo no Brasil", "Os Conselhos Que Vos Deixo", "Aleixo FM", entre muitos outros.

Queria deixar aqui um vídeo apenas mas não fui capaz. Deixo-vos três, um do Aleixo em míudo, um em transformação e outro já adulto! Vejam e espero que gostem tanto como eu!















segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O Raúl: Da Pátria. Do Povo. Do Palco.


Podia, como fiz no segundo post que escrevi no Sumo de Kiwi ("Fernando, uma genial Pessoa"), fazer acerca de Raúl Solnado uma sinopse do que foi a sua vida profissional.

Não quero. Podia, mas não quero.

Isso vou deixar para quem percebe, para quem sabe, os críticos e os que o viram em palco no auge da sua carreira.

Sei pouco de Solnado. Sei muito do Povo.
Solnado era do Povo.

Como o Fialho Gouveia, que nos disse um "Até Já" ou como o Carlos Cruz.
Estes três apresentaram um dos mais cómicos programas de Humor em Portugal. Digo-o porque o sei, porque o comprovo na RTP Memória (sim, este canal é o expoente máximo de serviço público). As suas interpretações de Ludgero Clodoaldo são maravilhosas!
Sim, porque actualmente existe em Portugal a tendência para confundir Humor com Brejeirice. Solnado fazia Humor, do bom.

"Ensinou a rir um país que não está habituado a rir" - disse Carlos do Carmo, numa saudação final a Solnado.

Como disse, o trajecto profissional de Solnado e as suas qualidades artísticas entram quase em segundo plano neste contexto. Aliás, quase todos os que falaram e o conheciam de perto, destacaram em primeiro lugar as suas qualidades humanas.

"É do Povo, é um dos últimos artistas acarinhado pelo Povo", destacou Vítor de Sousa. Num país onde reinam os "Chunga-Chiques" (como os apelida, e justamente, um amigo meu), Solnado era um oásis no deserto de talento que existe no nosso país.

Ele fazia rir. Perdão, ele ainda hoje faz rir. 40 anos depois vejo "Zip Zip", "Quem Te Viu e Quem TV" ou a sua famosa "Guerra de 1908" e rio desalmadamente. Por falar em "almada", quase nem queria acreditar quando soube (na RTP Memória) quem foi o primeiro convidado do "Zip Zip": José de Almada Negreiros, um dos artistas que englobou a chamada Geração de Orpheu e que escreveu um dos melhores textos que já li na vida: "Manifesto Anti-Dantas", magnifico.

Um cruzamento de gerações absolutamente imperdível e inesquecível.

Raúl Solnado contornou através da sua "Guerra de 1908", da forma mais inteligente, graciosa e corajosa a censura ao regime ditatorial vigente em Portugal, pela mão do Professor Doutor Marcello Caetano, abordando a Guerra Colonial em África.

Solnado é e será sempre, por isto, da Pátria.
Solnado é e será sempre, por isto, do Povo.

Que o Povo e a Pátria se unam para que ele seja imortalizado no palco, num hipotético Teatro Raúl Solnado.

"Eu não me venho despedir... porque ele vai estar sempre comigo" rematou Francisco Nicholson, embebido em lágrimas, destacando assim a figura de Raúl Solnado.

Raúl é daqueles que não morre. Apenas vai ali e nós vamos já ter com ele. Entre uma coisa e outra fica a saudade dos que o adoram e a gratidão dos que o admiram.

Jorge Gabriel escreveu um dia palavras que nunca esquecerei, acerca da morte de outro Raúl (Durão): "Eu lutei Raúl. Lutei muito, sofri outro tanto e chorei ainda mais. Mas consegui.".

Portugal, não o Povo mas a Pátria, faz o epitáfio de Raúl de forma semelhante: "Portugal lutou Raúl. Lutou muito, sofreu outro tanto e contigo riu ainda mais. Mas conseguimos."

Conseguimos a Liberdade.
Lado a Lado.

Aos 79 anos, este é apenas um "Até Já" do Artista, muito contra a sua vontade como referiu Alice Vieira.
Com certeza, as suas últimas palavras para o Povo terão sido... "Façam o favor de ser Felizes!".

sábado, 8 de novembro de 2008

Velha Raposa


Volto aqui a escrever mais de um mês depois.

Admito que a minha prolongada ausência se deve em grande parte ao facto de o vício de jogar FM me consumir horas que jamais recuperarei na vida.

Mas hoje, acordei, olhei o Gui, liguei o computador e enquanto lavava a cara e me olhava no espelho pensei: "Hoje não vou limitar a minha existência a jogar FM".

Foi então que peguei no saco, pus lá para dentro o meu caderno do "Bob, o Construtor" juntamente com a minha única arma com que ataco a vida a que vulgarmente chamamos esferográfica. Mas é mais que isso, é o objecto que eu levaria para uma ilha deserta para não morrer de inconformismo. Com uma caneta na mão eu estaria sempre perto de tudo o que mais admiro no mundo: a minha capacidade de o contemplar.

Mas isso são contas de outro rosário. Continuando a minha atarefada manhã, achei que o saco estava demasiado vazio. Olhei em redor e nada que o enchesse. Até que vi aquilo que mais enche de tudo um lugar vazio: um livro.

Mas não era um livro qualquer. Aliás, para mim, poucos são aqueles que escrevem livros.
Um conjunto de páginas que relatam a história de uma determinada senhora durante um restrito período de tempo ao lado de um qualquer presidente de um clube de futebol não é, necessariamente, um livro. É algo fútil que alguém criou e ousou chamar de livro.

Agora, quando eu pego em algo que na capa indica como autor um tal de António Lobo Antunes, eu nem penso duas vezes: este senhor merece a minha confiança. Vou então ler "Cus de Judas", um livro de 1979.

Reparem: 1979! Este senhor escreve ao mais alto nível há trinta anos! Acho que merece a minha confiança, respeito, admiração e que, pelo menos por uma horinha durante o dia, esqueça o FM para o ler.

Não preciso que a Academia de Estocolmo que atribui os prémios Nobel imortalize Lobo Antunes. É que, pensem comigo, a tal Academia é constituída por seres humanos que são falíveis, pressionáveis e subjectivos como todos nós. Ou não acham estranho a quantidade de vezes que os Nobel são entregues a indivíduos dos países nórdicos? A prova do que vos falo é mesmo o Prémio Nobel da Paz deste ano. Palhaçada. Bem, mas já estou eu outra vez em contas de outro rosário.

Lobo Antunes é, após um capítulo do seu livro e dezenas das suas crónicas na "Visão", genial.
Sou um exagerado não sou? Têm razão, Lobo Antunes é só, vá, quase genial. Daqui a uns capítulos talvez o imortalize de genial.
Mas quem sou eu? Um simples humano, certo? Falível, influenciável e subjectivo.
Mas se não acreditam em mim, força, peguem num texto do homem e tirem as dúvidas.

Cada vez que leio as suas crónicas, seja sobre o papel das mulheres na sociedade ou sobre o seu Benfica (bolas, há sempre um senão nestes fantasiosos contos de fadas!) e quando acabo de ler fico com a ideia de que, efectivamente, aquilo é um texto com cabeça, tronco e membros: bem construído, bem escrito e com um perfume que dá um outro toque de classe só ao nível dos predestinados. É que fico sempre com aquele sorriso, levanto-me e penso "É isto!".

E depois alguém que veio aqui ao Sumo de Kiwi manda-me uma mensagem a elogiar-me: "Ricardo, gostei tanto daquele texto! Escreves tão bem!". Porra, parem com isso. Sinto-me gozado! Então não é que me dizem isto comigo a pensar naquele senhor? Deviam lê-lo no fim de "me" lerem... eu não vos levo a mal, é que eu próprio penso por vezes que escrevo bem, mas depois de ler Lobo Antunes, caio na real.

E foi, assim, à custa desta velha raposa a quem o destino se encarregou de apelidar de Lobo que o meu dia de hoje ganhou algum sentido. Li e vim aqui escrever alguma coisa.

Prometo que voltarei com mais regularidade a partir de agora.

p.s.: Da próxima vez que me quiserem dizer que escrevo bem, comprem a "Visão", leiam a crónica de António Lobo Antunes e em dez minutinhos perdem a vontade.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Fernando, uma genial Pessoa


Fernando António Nogueira Pessoa. Se fosse vivo faria hoje 120 anos. Mas não, Fernando, a pessoa, deixou-nos ainda bem cedo, em Novembro de 1935. Cedo, muito cedo para quem pegava nas palavras como ele e as transformava no que de mais belo o universo nos pode contemplar. Mas, Camões se revire no caixão, Fernando, o génio, jamais nos deixará para bem dos nossos pecados e para mal de Camões, caso quisesse todo o protagonismo só para si.

Disse então um dia o jovem Pessoa que mais tarde, se quisessem fazer a sua biografia, nada mais simples do que resumi-la às datas do seu nascimento e da sua morte – tudo o resto lhe pertencia apenas a ele. Desculpa, amigo, estás enganado. Digo de ti o que um dia Salazar disse na cara de Eusébio: “És património nacional”. Assim sendo, tudo o que fizeste, sonhaste, pensaste, escreveste e viveste, é de todo um país que apresenta em figuras como tu o expoente máximo da soberba lusitana. Talvez hoje sejas o mais próximo que temos do teu tão desejado “Quinto Império”.

Foste tudo. Quiseste ser tudo. Irás ser sempre tudo. Por causa disso, farei sempre uma vénia cada vez que passar por ti, ali no Chiado.

Era estranho ouvir o meu irmão passear pela casa a cantar os teus poemas mas era tão estranho e, simultaneamente, tão envolvente que também comecei a sentir-me tentado a entrar no teu mundo. Hoje e sempre irei procurar conhecer mais a tua obra. Porque é maravilhosa. Enquanto digo isto Camões revira-se novamente no caixão, mas calma Luís… diz lá a verdade, se tivesses tido o prazer de apreciar o legado de Pessoa, não concordarias também que é maravilhoso?...

Ninguém sabe ao certo quem era Pessoa… um louco ou um génio? Um talento ou um atrevido? Enigmático ou fingidor? Isso nunca ninguém conseguirá definir, pois nem o próprio conseguia definir o seu “eu” que sempre se encontrou fragmentado. Mas, por assim ser, tornou-se incontornável ao ponto de ser equiparado com Pablo Neruda como “o melhor escritor do século XX”, pelo crítico literário Horald Bloom. Por isso, merecia que hoje fosse o seu dia.

Para a eternidade ficam poemas como “Tabacaria” (Álvaro de Campos), “Mar Português”, “O Infante”, “O Quinto Império”, “O Mostrengo” ou “Nevoeiro” (Fernando Pessoa), entre muitos, muitos outros.

“I know not what tomorrow will bring…”. Nem tu, nem eu, nem sequer o Camões sabe. Ninguém sabe e porque amanhã é sempre tarde demais, aqui fica, hoje, a homenagem.

A Fernando Pessoa.


p.s.: É também uma homenagem aos génios que contemporizaram com Pessoa: José de Almada Negreiros, Mário de Sá Carneiro, Amadeo de Souza Cardozo e Santa-Rita pintor.
p.s.: Faz hoje, também, 50 anos que faleceu outro grande artista português: Vasco Santana. Uma saudação especial.