sábado, 29 de novembro de 2008

Força Meu Irmão!


Hoje não consigo expressar por palavras o que me vai na alma.

O João Carlos não merece o que está a passar.
Força, Meu Irmão!

Amo-te como amo o que de mais belo há na minha vida.

Sim, eu sei que tu sabes.

sábado, 8 de novembro de 2008

Velha Raposa


Volto aqui a escrever mais de um mês depois.

Admito que a minha prolongada ausência se deve em grande parte ao facto de o vício de jogar FM me consumir horas que jamais recuperarei na vida.

Mas hoje, acordei, olhei o Gui, liguei o computador e enquanto lavava a cara e me olhava no espelho pensei: "Hoje não vou limitar a minha existência a jogar FM".

Foi então que peguei no saco, pus lá para dentro o meu caderno do "Bob, o Construtor" juntamente com a minha única arma com que ataco a vida a que vulgarmente chamamos esferográfica. Mas é mais que isso, é o objecto que eu levaria para uma ilha deserta para não morrer de inconformismo. Com uma caneta na mão eu estaria sempre perto de tudo o que mais admiro no mundo: a minha capacidade de o contemplar.

Mas isso são contas de outro rosário. Continuando a minha atarefada manhã, achei que o saco estava demasiado vazio. Olhei em redor e nada que o enchesse. Até que vi aquilo que mais enche de tudo um lugar vazio: um livro.

Mas não era um livro qualquer. Aliás, para mim, poucos são aqueles que escrevem livros.
Um conjunto de páginas que relatam a história de uma determinada senhora durante um restrito período de tempo ao lado de um qualquer presidente de um clube de futebol não é, necessariamente, um livro. É algo fútil que alguém criou e ousou chamar de livro.

Agora, quando eu pego em algo que na capa indica como autor um tal de António Lobo Antunes, eu nem penso duas vezes: este senhor merece a minha confiança. Vou então ler "Cus de Judas", um livro de 1979.

Reparem: 1979! Este senhor escreve ao mais alto nível há trinta anos! Acho que merece a minha confiança, respeito, admiração e que, pelo menos por uma horinha durante o dia, esqueça o FM para o ler.

Não preciso que a Academia de Estocolmo que atribui os prémios Nobel imortalize Lobo Antunes. É que, pensem comigo, a tal Academia é constituída por seres humanos que são falíveis, pressionáveis e subjectivos como todos nós. Ou não acham estranho a quantidade de vezes que os Nobel são entregues a indivíduos dos países nórdicos? A prova do que vos falo é mesmo o Prémio Nobel da Paz deste ano. Palhaçada. Bem, mas já estou eu outra vez em contas de outro rosário.

Lobo Antunes é, após um capítulo do seu livro e dezenas das suas crónicas na "Visão", genial.
Sou um exagerado não sou? Têm razão, Lobo Antunes é só, vá, quase genial. Daqui a uns capítulos talvez o imortalize de genial.
Mas quem sou eu? Um simples humano, certo? Falível, influenciável e subjectivo.
Mas se não acreditam em mim, força, peguem num texto do homem e tirem as dúvidas.

Cada vez que leio as suas crónicas, seja sobre o papel das mulheres na sociedade ou sobre o seu Benfica (bolas, há sempre um senão nestes fantasiosos contos de fadas!) e quando acabo de ler fico com a ideia de que, efectivamente, aquilo é um texto com cabeça, tronco e membros: bem construído, bem escrito e com um perfume que dá um outro toque de classe só ao nível dos predestinados. É que fico sempre com aquele sorriso, levanto-me e penso "É isto!".

E depois alguém que veio aqui ao Sumo de Kiwi manda-me uma mensagem a elogiar-me: "Ricardo, gostei tanto daquele texto! Escreves tão bem!". Porra, parem com isso. Sinto-me gozado! Então não é que me dizem isto comigo a pensar naquele senhor? Deviam lê-lo no fim de "me" lerem... eu não vos levo a mal, é que eu próprio penso por vezes que escrevo bem, mas depois de ler Lobo Antunes, caio na real.

E foi, assim, à custa desta velha raposa a quem o destino se encarregou de apelidar de Lobo que o meu dia de hoje ganhou algum sentido. Li e vim aqui escrever alguma coisa.

Prometo que voltarei com mais regularidade a partir de agora.

p.s.: Da próxima vez que me quiserem dizer que escrevo bem, comprem a "Visão", leiam a crónica de António Lobo Antunes e em dez minutinhos perdem a vontade.