Gosto de política mas não me colo a opções partidárias.
O que aconteceu hoje foi o culminar de uma sede pelo poder tão descarada que só a ceguez do povo impede de descortinar.
Porque o povo quer é sangue, porque acredita sempre que o melhor está para vir. Eu não acredito.
José Sócrates tinha muitos defeitos e muitas das suas políticas foram erradas. Talvez não seja o Primeiro-Ministro ideal.
Mas só de imaginar que se lhe seguem Passos Coelho com o seu triunvirato de "Miguéis" (Relvas, Macedo e Frasquilho) sempre bem acompanhados pela reputação dos mesmos do costume (Catroga e Ferreira Leite) e que, caso não vença as eleições com maioria absoluta se aliará ao CDS do "inesgotável" Portas mais os seus amigos betinhos (como os anos passam e as coisas continuam iguais, já viram?) até tremo.
Como li há dias: "mudam as moscas mas a Mer...kel é a mesma!".
[* o título do post "Já lá vem outro carreiro" é um dos versos da música de José Mário Branco "A Formiga no Carreiro".]
Uma saudação muito especial a um homem que é um ícone em Portugal nas mais diversas áreas.
Jamais me esquecerei do seu papel como motorista de Anastácio (António Silva) num dos meus filmes preferidos de sempre: O Leão da Estrela.
Perdeu-se um grande homem cuja primeira imagem que recordo ao pensar em si é aquele sorriso enorme e contagiante tal como o seu talento que gravou com tinta de ouro na literatura, na representação, na televisão mas, sobretudo, na rádio e na imprensa escrita.
Dizemos adeus, também, a um grande sportinguista que relatou o golo de João Morais que deu a Taça das Taças ao Sporting em 1964.
"E com um brilhozinho nos olhos Tentamos saber Para lá do que muito se amou: Quem éramos nós Quem queríamos ser E quais as esperanças Que a vida roubou! […] Com um brilhozinho nos olhos Guardei um amigo Que é coisa que vale milhões!"
*[porque Amigos como tu não se esquecem, guardam-se por serem tão preciosos e raros.
Não importa quanto tempo dura, importa o que se fez e viveu enquanto durou.
Camaradas, finalmente Portugal elegeu uma música que foge às melodias rascas numa mistura de degredo pop com letras banais dos últimos anos interpretadas por Rui Bandeira, Luciana Abreu, Non Stop, Flor do Lis, Filipa Azevedo, Sabrina, Vânia, Sofia ou MTM. Parece que todo o país acordou no sábado para assistir pela primeira vez ao Festival da Canção desde 1980 e descobriram que os nossos concorrentes nos vão envergonhar no estrangeiro. Que atrevimento dos Homens da Luta; que hipocrisia de um povo musicalmente inculto!
Não é palhaçada. Julgo que o povo sentiu mesmo uma energia e uma ligação a esta música como um movimento de força a, essas sim, palhaçadas neste estado de injustiças.
Este país tem cada vez menos do povo. E isso também faz falta. Ignorar isso é uma parte importante da nossa falta de identidade que nos tem levado para um abismo, para uma geração de gente que não sabe o que é ser português, o que essa alma representa e o que são as nossas raízes.
E, mais importante que tudo, ignorar este tipo de mensagem é ter uma mente fechada e pouco conhecimento histórico deste concurso em Portugal pois, neste contexto, não podemos desassociar música e política. O Festival da Canção teve significado, para mim, pela primeira vez por um simples motivo: renasceu nesta música o tipo de mensagem que passava neste concurso até 1974, não obstante a melodia.
Não quero o Neto nem o Falâncio como governantes, naturalmente, como certamente eles também não querem isso. As pessoas confundem tudo ao darem exemplos do que poderá acontecer daqui para a frente tendo como base de exemplo esta vitória. Tretas: nenhum emplastro será governante porque as pessoas sabem distinguir as coisas. Aliás, nenhum Primeiro-ministro ou Presidente da Republica que se recandidatou foi derrubado em votos portanto não vale a pena conceber-se teorias psicóticas com a intenção de desvalorizar a vitória dos Homens da Luta.
Nem sempre o local escolhido é o ideal mas serve de pretexto. Uma das mais genuínas manifestações contra o poder político que vi em Portugal foi a enorme assobiadela que o então Primeiro-ministro Durão Barroso levou na inauguração do Estádio da Luz. Foi palhaçada e falta de educação? Talvez. Mas isso não foi o essencial a tirar daquela situação.
Os Homens da Luta não estavam minimamente interessados na música. Se tivessem perdido tinham saído dali com a mesma atitude e o mesmo discurso e é isso que esta camada populacional que se preocupa mais com as aparências do que com a essência das coisas ainda não foi capaz de perceber. É que, como disseram os vencedores, “vale mais uma nota sentida que uma nota afinada”, partindo do principio que nos restantes existiam notas afinadas.
Por falar em atitude, foi lamentável a forma anti-desportiva e desrespeitadora pela decisão conjunta do júri e do público como os concorrentes derrotados assobiaram os vencedores na hora de receberem o troféu. Uma demonstração gritante daquilo que somos: porcos, feios e maus.
Portugal é assim e sempre será: continuamente fecham escolas e hospitais mas o que interessa é mostrar os nossos estádios novos; somos dos países com pior qualidade de vida na UE mas o que interessa é engalanarmo-nos na organização da cimeira da NATO; as pessoas sentem-se inseguras e há portagens em todos os troços com boas vias mas o que interessa é mostrar que temos poder para comprar cada vez mais submarinos e chaimites inúteis; não temos uma voz de jeito no Festival da Canção quase há 20 anos mas sempre dá mais jeito mandar uma Luciana Abreu plastificada e com uma armadura de encher a vista do que os Homens da Luta que, vejam lá a ousadia, vão passar uma má imagem do país!
Concluo dizendo que os Homens da Luta venceram destacadamente as votações online e telefónica e venceram dois distritos na decisão do júri, nomeadamente, Viseu e Bragança. Isso prova que estes concorrentes não estão assim tão deslocados da realidade.
Se é a música ideal? Talvez não. Se tem a letra certa? Em parte sim. Se demonstram a atitude correcta? Sem dúvida.
E adivinhem esta: quem é que vai estar, no dia 12 de Março, na Avenida da Liberdade a dar voz ao povo, ali mesmo ao meu lado? Pois é, os Homens da Luta, esses grandes chatos!
História de um reino, de uma vida De um amor maior que tal fraqueza. Pedaços débeis dessa sina Envoltos em tão estranha beleza Foi o destino que os juntou, com certeza!
Alma enorme e sofredora Símile existência à d’el Rei Justiceiro Que jaz de frente a quem outrora Fez dele mais que Rei, feiticeiro E o casou na vida em terceiro!
Foi a morte impiedosa, atroz e fel Que fez dela póstuma rainha de Portugal! E tal Rei que dizem Cruel Por amá-la de forma tão especial, Tornou esse amor imortal!
* [breve poema dedicado ao amor mais bonito que a história da humanidade já conheceu e que uniu D.Pedro I a D.Inês de Castro. Segundo a lenda, as lágrimas derramadas por D.Inês de Castro aquando do seu assassinato deram origem à Fonte das Lágrimas na Quinta das Lágrimas, em Coimbra.]
** [Este poema é para a Marta que conheci, precisamente, em Coimbra.
Porque Coimbra une pessoas de tal modo que nunca mais ninguém as irá separar.]
Podia contar-vos, em mais um ano de Sumo de Kiwi, uma treta daquelas filosóficas dizendo que um Sumo de Kiwi é como a nossa vida, mais concretamente, a minha vida.
Mas não, na realidade, escolhi este nome pura e simplesmente porque o Kiwi é o único fruto que junta as mesmas três cores que o equipamento do meu Sporting: Verde (maioritariamente), Branco e Preto.
Sou uma pessoa com objectivos na vida, tenho uma vida que se pode dizer porreira, tenho a melhor namorada do mundo, tenho pessoas de família e o meu grande amor é o Sporting CP. Já fiz 22 anos, possuo carta de condução de ligeiros e tenho situação militar regularizada. Já escrevi em muitos sítios e agora é no Sumo de Kiwi e no Jornal "O Torrejano". Toca de ler tudo que eu escrevo sobre coisas muito interessantes.